12 julho 2008

> O BOSQUE

Eu era vizinho de um médico, cujo "hobby" era plantar árvores no enorme quintal de sua casa. Às vezes eu observava da minha janela o seu esforço para plantar árvores e mais árvores, todos os dias. O que mais chamava a atenção, entretanto, era o fato de que ele jamais regava as mudas que plantava. Passei a notar, depois de algum tempo, que suas árvores estavam demorando muito para crescer.
Certo dia, resolvi aproximar-me e perguntar-lhe se não tinha receio de que as árvores não crescessem, pois que ele nunca as regava. Foi quando, com ar orgulhoso, descreveu-me sua teoria. Disse-me que, se regasse suas plantas, as raízes se acomodariam na superfície e ficariam sempre esperando pela água mais fácil, vinda de cima. Como ele não as regava, as árvores demorariam mais para crescer, mas suas raízes tenderiam a migrar para o fundo, em busca da água e dos vários nutrientes encontrados nas camadas inferiores do solo. Assim, segundo ele, com raízes mais profundas, as árvores seriam mais resistentes às intempéries. Disse-me ainda que freqüentemente dava uma palmadinha nas suas árvores com um jornal enrolado, e que o fazia para que elas se mantivessem sempre acordadas e atentas.
Essa foi a única conversa que tive com aquele vizinho. Logo depois fui morar em outro Estado e nunca mais o encontrei. Anos depois, ao retornar, fui dar uma olhada na minha antiga residência. Ao aproximar-me, notei um bosque que não havia antes. Meu antigo vizinho havia realizado seu sonho! O curioso é que aquele era um dia de um vento muito forte e gelado, em que as árvores da rua estavam arqueadas, como se não estivessem resistindo ao rigor do inverno, mas, ao aproximar-me do quintal do médico, notei como estavam sólidas as árvores do vizinho: praticamente não se moviam, resistindo implacavelmente à ventania toda. Que curioso, pensei eu... As adversidades pela quais aquelas árvores tinham passado, levando palmadas e tendo sido privadas de água, pareciam tê-las beneficiado de um modo que o conforto e o tratamento mais fácil jamais conseguiriam.
Todas as noites, antes de eu ir me deitar, dou uma olhada em meus filhos. Debruço-me sobre suas camas e oro por eles, na maioria das vezes pedindo que suas vidas sejam fáceis... Ou algo parecido. Tenho pensado, entretanto, que é hora de alterar minhas orações...Essa mudança tem a ver com o fato de que é inevitável que ventos fortes e gelados atinjam a nós e aos nossos filhos. Sei que eles encontrarão inúmeros problemas e que, portanto, minhas orações têm sido ingênuas demais. Pois sempre haverá uma tempestade ocorrendo em algum lugar. Ao contrário do que tenho feito, passarei a orar para que meus filhos cresçam com raízes profundas, de tal forma que possam retirar energia das melhores fontes, das mais divinas, que se encontram nos locais mais remotos.

Oramos por facilidades, mas o que precisamos é pedir para desenvolver raízes fortes e profundas, de tal modo que, quando as dores chegarem, resistamos bravamente ao invés de sermos subjugados.
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A alegria somente não educa ninguém
Pense Nisso!
Fique com Deus!

2 comentários:

  1. Muito sábias as teorias do seu vizinho.

    As intempérie, ao contrário do que se pensa, edificam e fortalecem.

    Bj.

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  2. Nossa, que interessante!!!
    Realmente em primeiro momento a maioria das pessoas pensam mais no desenvolvimento das coisas e esquecendo realmente que temos que primeiro ter resistencia pros invernos que possam vir; Seu vizinho mostrou ser uma pessoa bem entendedora das plantas e da vida e nos fazendo ter boas reflexões...
    bjuxxx!!!!

    obrigada por comentar em meu blog;)

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