08 fevereiro 2009

>Minhas lembranças

webNasci na roça sou um caipira autêntico. Como tanto jovem sai em busca de novos desafios e encarei enormes dificuldades como todos os migrantes, principalmente, o choque cultural.

Tenho saudade infância mais nada que supera a saudade da minha mãe, que era uma pessoa maravilhosa com todos nós। Com sua simplicidade cativava todos por onde passava Eu, particularmente, me sentia um privilegiado pelo amor que me era dispensado. Sempre dizia que sobrevivi graças a sua fé inabalável, fui uma criança muito doente quando tinha a idade de um ano mais ou menos. Deus tem sido maravilhoso comigo a saúde vai muito bem obrigado!

Minha mãe fazia questão de contar para as pessoas que não conhecia este lado da minha história e toda vez que isso acontecia eu via uma lágrima escorrer dos seus olhos e sempre acabávamos chorando juntos de pura emoção. Pelas suas palavras somente ela, acreditava em minha recuperação enquanto a maioria desacreditava.

No final do ano nas férias ia visitá-la mas nunca avisava o dia da minha chegada para não deixa-la apreensiva, mesmo assim começava a esperar-me desde o início do mês. A casa tinha uma janela com visão para a estrada principal, onde raramente veículos transitavam por aquelas bandas. Dali minha mãe sempre aguardava com ansiedade a minha chegada. Logo na frente tinha, ainda tem, uma porteira onde minha mãe vinha esperar por mim. Ali mesmo nos abraçávamos carinhosamente. Eram dias memoráveis que passávamos juntos.

Um dia porém, Deus resolveu chamá-la para um novo endereço me deixando sem nenhuma referência, e muito triste diante do acontecido, tristeza essa que guardo até hoje comigo. Depois disso, passei longos três anos sem visitar aquele local, por tanto tempo que, foi meu refúgio predileto. Um dia tive que voltar para rever outros parentes, amigos e irmãos que permaneceram por lá.

O retorno às origens foi difícil demais. Durante a viagem cada quilometro percorrido aumentava minha dor e agonia sabendo que não encontraria minha mãe esperando novamente. Mal queria acreditar que tudo aquilo não passava de um pesadelo, infelizmente era a dura realidade.

Quando cheguei naquela mesma porteira que outrora fora aberta por ela e não a encontrei o mundo pareceu desabar sobre minha cabeça. Aguardei por alguns minutos e percebi que ali estava apenas sua imagem em minha lembrança de um passado que jamais esquecerei. Não tive forças para dirigir, naquele momento, e preferi caminhar os últimos metros que faltavam para chegar amparado pelo meu irmão até sua casa.

A casa que foi dela continuava fechada com muitos de seus pertences ainda dentro. Hospedei-me na casa do meu irmão que fica a menos de trinta metros, porém não tive coragem suficiente de entrar naquela casa, hoje vazia, sem a sua presença. Em todos os locais por onde olhava ou caminhava sentia sua presença ao meu lado, quanta e quanta vez me embrenhou nas encostas e chorava sozinho sem ninguém por perto.

Continuo triste, não por opção, mas por que perdi o melhor de toda minha vida. Minha mãe! Aguardo apenas um chamado para mudar de endereço também. Enquanto o dia e a hora não chegam continuo revivendo minhas lembranças.

6 comentários:

  1. Pois é meu amigo fiquei muito comovida com seu artigo!!!mas sabe a dor nos mostra que tudo isso aconteceu,foi real embora muitas vezes parece um sonho!!!mas canforte-se em saber que quem vc é hoje é por causa dela!!sua mãe !!sua familia sua base!!!adorei emocionante!!!te amo !!vc é uma pessoa sensivel e muito doce!!bjosss!!obrigada pelo selo ok

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  2. O seu texto é muito bonito também!Embora a história triste,mas tão real...ah,essa vida,quem há de entendê-la?E mesmo assim deseja-la...

    Um grande abraço!

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  3. Poxa senhor J. Araújo, com certeza a sua mãe não gostaria que você ficasse assim, pois lá com certeza você tiveram bons momentos nesta casa, pois isso deveria ser um lugar para se animar e não ficar triste...

    Além disso, tenho um presente para ti lá no meu segundo blog, o Tesoutro em Meio ao Lixão, espero que goste, sendo que está numa das postagens do dia 08-02-2009.

    Fique com Deus, menino.
    Um abraço.

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  4. Querido novo amigo!
    Apreciei muito a sua visita ao meu blog poucas e boas.
    Meu blog principal é o Humanidades e afins. Convido-o a ir até lá. Se puder, leia o poema da saudade. Fiquei taõ comovida com seu texto!
    Entendo muito bem a sua dor. Sinto muito por você, mas a vida continua... essa é a lei natural, nossos sentimentos é que precisam se adaptar. Um graaaaaande e caloroooooso abraço,
    e muito carinho a você!

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  5. Jota, este não é primeiro texto em que você fala da saudade que sente por sua mãe e a pessoa maravilhosa que ela é.
    Digo: ela é, pois onde você for, ela estará junto com você e ela quer que você seja muito feliz e faça coisas boas aqui neste nosso planeta e só depois disto, depois de ter cumprido a sua missão é que ela virá te buscar.

    José Geraldo da Silva
    Amor, Ordem e Progresso

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  6. Amei seu texto, me fez recordar o meu tempo de roça. Também sou caipira de coração e sempre serei. Também tenho saudades, muitas... qualquer dia conto um pouco da minha história no meu blog.
    Um abraço forte!
    Ágape

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