
O túnel Ted Williams
Antes de olharmos algumas das técnicas usadas na construção dos túneis da Grande Escavação, vamos revisar o motivo pelo qual as autoridades de Boston acabaram decidindo executar um projeto de engenharia tão gigantesco. O maior problema era o trânsito terrível da cidade. Alguns estudos indicavam que, por volta de 2010, a hora do rush poderia durar quase 16 horas por dia em Boston, o que traria danos profundos, tanto para o comércio como para a qualidade de vida dos habitantes. Estava claro que algo tinha de ser feito para aliviar os congestionamentos e facilitar a vida das pessoas que se locomoviam pela cidade. Em 1990, o Congresso americano destinou U$ 775 milhões ao projeto de melhoria e, um ano depois, a Federal Highway Administration (Administração Federal de Rodovias) deu sua aprovação ao projeto.


O processo de impulsão de túneis
A Grande Escavação também apresenta outras inovações na construção de túneis. Para uma porção do túnel que corre abaixo de uma estrada de ferro e uma ponte, os engenheiros escolheram usar a impulsão de túneis, uma técnica que costuma ser usada para instalar canos subterrâneos. Essa técnica envolve forçar uma gigantesca caixa de concreto através da terra. As partes superior e inferior da caixa apóiam o solo enquanto a terra dentro da caixa é removida. Após ter sido completamente esvaziada, macacos hidráulicos empurraram a caixa contra uma parede de concreto até que a estrutura toda deslizasse 1,5 m para frente. Os operários, então, instalaram tubos de espaçamento no vão criado e, ao repetir esse processo várias e várias vezes, foi possível escavar o túnel sem afetar as estruturas da superfície.
Atualmente, 98% da construção associada à Grande Escavação já está completa e o custo passou - e muito - dos US$ 14 bilhões. Mas o resultado para quem trabalha em Boston deve valer o investimento. A antiga Artéria Central elevada tinha apenas seis pistas e foi projetada para receber 75 mil veículos por dia. Já a nova via subterrânea tem de oito a dez pistas e receberá cerca de 245 mil veículos por dia até 2010. O resultado disso é uma hora do rush normal, que dura umas duas horas de manhã e à noite.
Conforme as ferramentas se aperfeiçoam, os engenheiros continuam a construir túneis mais longos e maiores. Recentemente, foi desenvolvida tecnologia avançada de imagens que permite varrer o interior da Terra através da computação de como as ondas sonoras percorrem o solo, o que fornece uma foto precisa do provável ambiente de um túnel: tipos de rocha e solo, além de anomalias geológicas, como falhas e fissuras.
Enquanto essa tecnologia promete melhorar o planejamento de túneis, outros avanços irão acelerar a escavação e a sustentação do solo. A próxima geração de TBMs (máquinas tuneladoras) será capaz de cortar 1600 toneladas de solo por hora. E os engenheiros também já fazem experimentos com outros métodos de corte de rochas, que utilizam jatos d'água de alta pressão, laser ou ultra-som. E em outra frente de batalha, engenheiros químicos estão trabalhando em novos tipos de concreto que endurecem mais rapidamente devido ao uso de resinas e outros polímeros no lugar do cimento.
Com essas novas tecnologias e técnicas, túneis que pareciam impossíveis há apenas dez anos, agora podem ser construídos - por exemplo, o túnel Transatlântico, conectando Nova Iorque a Londres. Este túnel de quase 5 mil km de extensão iria abrigar um trem de levitação magnética, capaz de fazer o percurso a mais de 8 mil km/h. O tempo estimado de viagem? 54 minutos, quase sete horas a menos do que um vôo transatlântico comum.
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