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Em março de
2005, durante um debate em uma universidade dos Estados Unidos, o ex- Ministro
da Educação, CRISTOVAM BUARQUE, foi questionado sobre o que pensava da internacionalização
da Amazônia (ideia que surge com alguma insistência nalguns setores da
sociedade americana e que muito incomoda os brasileiros). O jovem que elaborou
a pergunta esperava a resposta de um Humanista e não de um Brasileiro.
Esta foi a
resposta do Sr. Cristovam Buarque:
“De fato,
como brasileiro, eu simplesmente falaria contra a internacionalização da
Amazônia”. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio,
ele é nosso. Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre
a Amazônia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o
mais que tem para a humanidade.
Se a Amazônia,
sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizaremos também
as reservas de petróleo do mundo inteiro... O petróleo é tão importante para o
bem-estar da humanidade quanto a Amazônia para o nosso futuro. Apesar disso, os
donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extração de petróleo
e subir ou não o seu preço.
Da mesma
forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se
a Amazônia é uma reserva para todos os seres-humanos, ela não pode ser queimada
pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar
a Amazônia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias
dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam
para queimar países inteiros na volúpia da especulação. Antes mesmo da Amazônia,
eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo.
Durante este
encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milênio, mas alguns
presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos
na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que Nova Iorque, como sede das Nações
Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhattan deveria pertencer a
toda humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília,
recife, cada cidade, com sua beleza especifica, sua história do mundo, deveria
pertencer ao mundo inteiro.
Se os EUA
querem internacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixa-la nas mãos de
brasileiros, internacionalizaremos também todos os arsenais nucleares dos EUA. Até
porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma
destruição milhares de vezes maiores do que as lamentáveis queimadas feitas nas
florestas do Brasil. Nos seus debates, os atuais candidatos à presidência dos
EUA tem defendido a ideia de internacionalizar as reservas florestais do mundo
em troca da divida.
Comecemos usando essa divida para garantir que cada criança
do Mundo tenha possibilidade de COMER e de ir à escola. Internacionalizemos as
crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram como patrimônio
que merece cuidados do mundo inteiro. Ainda
mais do que merece a Amazônia. Quando os dirigentes tratares as crianças pobres
do mundo como um patrimônio da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem
quando deveriam estudar que morram quando deveriam viver.
Como humanista
aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar
como brasileiro lutarei para que a Amazônia seja nossa. “Só nossa”.
OS: este
documento não foi publicado pelos órgãos de comunicação social e não mereceu
muito destaque por parte dos jornalistas. De qualquer forma, foi-me enviado por
e-mail e julgo merecer a sua publicação.
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